Quem somos nós depois de tudo o que vivemos juntos? Como podemos nos reconhecer como “eu” depois de tanto tempo sendo “nós”? Em que momento da estrada surgiu essa bifurcação que nos fez seguir em direções diferentes?
Nesta história, não há mocinhos ou vilões, heróis ou bandidos. O que há aqui são duas pessoas reais, com sangue nas veias e corações dilacerados. Saímos, sim, machucados e doloridos. Mas nossas mãos se soltaram devagar, nossos dedos deixaram de se entrelaçar de maneira suave, e talvez por isso tenhamos demorado tanto tempo para perceber que já não havia como uni-los novamente, dada a distância que nos separava.
O que tivemos foi um amor que não se acabou — e ouso dizer que jamais se acabará. Tanta história vivida não pode ser apagada. Mas amores se transformam. O amor verdadeiro compreende quando chega a hora de, com delicadeza, se distanciar e dar à pessoa amada o espaço necessário para que continue existindo. Se não mais como paixão, então como amizade, respeito, cumplicidade e admiração.
Nossas memórias não se apagarão. Nosso passado não se extinguirá. O que construímos permanecerá. Deu tão certo que soubemos a hora de terminar. Não combina conosco insistirmos em algo que já não nos cabe. E combina menos ainda nutrirmos ressentimento um pelo outro.
Obrigada por tudo, meu amor. Obrigada por tanto. Obrigada por ter me permitido fazer parte da sua existência. Obrigada por me deixar partir.
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