Recolher cada um dos meus ossos, todos espalhados pelo chão, partidos em fraturas tão profundas que sequer sei se um dia terão cura. Reescrever minha história quando acreditei já tê-la editado e publicado, sem saber se ainda haverá quem a releia. Reerguer meu corpo exausto, combalido, à beira do colapso. Reacender uma chama de esperança que um dia brilhou, mas há tanto tempo que já não lembro sua forma nem o calor com que aquecia minha alma. Reacostumar-me a ser eu por mim mesma, sem a muleta do outro, sem culpar ninguém pelo que cabia a mim fazer e nunca fiz. Reatar laços outrora rompidos a golpes impetuosos de tesoura, por motivos que já não importam mais. Reconstruir o que desabou após sucessivos terremotos devastadores, deixando vítimas irrecuperáveis e rastros de destruição. Reiluminar as sombras que eu mesma criei, onde um dia tudo foi luz, até que, um a um, apaguei os interruptores, mergulhando numa escuridão sem fim. Resignificar o que jamais teve o peso que deveria.
Renascer.
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